quarta-feira, 30 de abril de 2014
Foi no dia 30 de abril que nasceu a fundadora do Conselho Nacional das Mulheres, Sra. Jerônima Mesquita. Como homenagem àquela extraordinária mulher, grande filantropa, foi escolhido o dia de seu nascimento para se comemorar o Dia Nacional da Mulher.
Derrubaram-se tabus, obstáculos foram vencidos, a ocupação dos espaços foi iniciada. Graças à coragem de muitas, as mulheres conquistaram o direito ao voto, a chefia dos lares, colocação profissional, independência financeira e liberdade sexual. Apesar de válidas, essas aberturas ainda são uma gota num oceano de injustiças e preconceitos.
No último século, o movimento feminista contribuiu imensamente para a efetivação das conquistas das mulheres. Embora muito tenha sido feito, as respostas às questões femininas são pouco eficazes, já que os homens ainda detêm a hegemonia em diversos setores sociais. As politicas públicas ainda devem muitos feitos à população feminina.
Prova da necessidade de maior reconhecimento da mulher é a própria institucionalização de uma data-homenagem; se a sociedade efetivamente tivesse incorporado a ideia de que os dois sexos estão em pé de igualdade, não haveria necessidade de se criar um dia para lembrá-la; seria uma atitude inútil e redundante.
A busca incessante por um lugar ao sol está apenas começando. As mulheres seguem às voltas com os mais variados tipos de violência: no lar, no trabalho e na sociedade. São vítimas, na maioria das vezes silenciosas e indefesas, de agressões físicas, sexuais e psicológicas de todos os tipos e intensidades. E de outras tantas formas de violência, bem mais sutis, embora não menos perversas, como a desvalorização no mercado de trabalho (recebendo salários sempre menores do que os homens que exercem as mesmas funções), as dificuldades de ascensão a postos de comando (nas empresas e na política) e a dupla jornada, entre outras tantas.
Ao contrário do que se possa pensar, não é necessária uma “Guerra dos Sexos” para que o quadro de injustiças se reverta. Sem destituir-se de sua feminilidade, as mulheres podem engajar-se numa luta forte, mas não necessariamente agressiva. Provar ao mundo que não é necessário se revestir de um invólucro masculino para intimidar seus oponentes. A força feminina é suave e poderosa por si só.
A história de lutas e conquistas de tantas mulheres, muitas delas mártires de seu ideal, no decorrer de quase dois séculos, leva a humanidade a iniciar um novo milênio diante da constatação de que ela buscou e conquistou seu lugar. Mais que isso, assegurou seu direito à cidadania, legitimando seu papel enquanto agente transformador.
Parabéns a Mulher Brasileira.
Haroldo Wittitz: Author, Editor and Publisher
Fonte:https://primelifeblog.wordpress.com/category/lembrancas-do-dia/page/9/
terça-feira, 29 de abril de 2014
28 DE ABRIL - Dia Internacional das Vítimas de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) preparou, em ocasião do Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, um relatório sobre “A prevenção de doenças ocupacionais” que descreve a situação atual das doenças e acidentes relacionados ao trabalho no mundo e apresenta propostas da organização para o problema. O relatório da OIT alerta que já são cerca de dois milhões de pessoas morrendo a cada ano, ao redor do mundo, em decorrência de acidentes ou doenças ocupacionais.
Segundo a OIT, as doenças profissionais causam um número de mortes seis vezes maior do que os acidentes laborais. Das 2,34 milhões de mortes anuais, a grande maioria, cerca de 2,02 milhões, são causadas por doenças ocupacionais. Os dados revelam uma média diária de 5.500 mortes. A estimativa da OIT é que a cada ano ocorrem 160 milhões de casos não fatais de doenças relacionadas ao trabalho.
Para a organização mundial, as doenças profissionais representam um enorme custo, tanto para os empregadores, trabalhadores, suas famílias e para o desenvolvimento econômico e social do país. A OIT estima que os acidentes e doenças resultam em uma perda de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, ou cerca de 2,8 trilhões de dólares, em custos diretos e indiretos por lesões e doenças.
FONTE: http://www.soacbh.com.br/oit-alerta-sobre-doecas-ocupacionais/
sábado, 26 de abril de 2014
26 de abril: Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial
A hipertensão é um mal silencioso. A ausência de sintomas bem definidos retarda o diagnóstico da doença que, muitas vezes, é feito somente quando problemas mais sérios aparecem. E quando falamos em problemas sérios, estamos falando de comprometimentos vasculares, tanto cerebrais, quanto cardíacos. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, dentre os fatores de risco para mortalidade, a hipertensão explica 40% das mortes por AVC (Acidente Vascular Cerebral) e 25% daquelas por doença coronariana.
Qual a dieta apropriada para auxiliar o controle da doença?
A hipertensão é um mal silencioso. A ausência de sintomas bem definidos retarda o diagnóstico da doença que, muitas vezes, é feito somente quando problemas mais sérios aparecem. E quando falamos em problemas sérios, estamos falando de comprometimentos vasculares, tanto cerebrais, quanto cardíacos. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, dentre os fatores de risco para mortalidade, a hipertensão explica 40% das mortes por AVC (Acidente Vascular Cerebral) e 25% daquelas por doença coronariana.
No Brasil, a principal causa de morte em todas as regiões do país é o AVC, o popular derrame, acometendo as mulheres em maior proporção. Segundo o Ministério da Saúde, dos que sobrevivem à ocorrência de derrames, 50% ficam com algum grau de comprometimento. “A única forma de saber se a pessoa apresenta o problema é medir sua pressão em exames de rotina, realizados anualmente”, informa a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional.
A Sociedade Brasileira de Hipertensão recomenda que a pressão arterial deve ser medida regularmente, no mínimo, uma vez por ano, inclusive por aqueles que não têm ou desconhecem ter a doença. A recomendação se aplica também às crianças, a partir dos três anos de idade. Já para os hipertensos, a verificação da pressão deve ser muito mais freqüente para o controle adequado da doença.
Hipertensão no Brasil:
Diagnóstico médico prévio de hipertensão arterial
No sexo masculino, as maiores freqüências foram observadas em Recife (22,5%), Belo Horizonte (22,7%) e Vitória (23,1%) e as menores em Florianópolis (14,9%), Palmas (14,9%) e Brasília (15,5%). Entre mulheres, as maiores freqüências foram observadas em Recife (26,8%), Salvador (27,3%) e Rio de Janeiro (28,0%) e as menores em Palmas (15,3%), Teresina (18,4%) e Manaus (19,2%).
Gênero
O levantamento aponta que mais mulheres (24,4%) do que homens (18,4%) referem o diagnóstico médico prévio de hipertensão arterial. Em ambos os sexos, o diagnóstico de hipertensão arterial se torna mais comum com a idade, alcançando cerca de 5% dos indivíduos entre os 18 e os 24 anos de idade e mais de 50% na faixa etária de 65 anos ou mais de idade.
FONTE: Sistema de Monitoramento de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (Vigitel) do Ministério da Saúde.
Causas da hipertensão
Considera-se que a pessoa é hipertensa se, medindo a pressão arterial em repouso, obtêm-se valores acima de 140x90mmHg. Esses são os números de corte. Acima deles, a pressão é considerada elevada; abaixo, é normal. Esse valor independe da idade, tanto faz se a pessoa tem 20 ou 60 anos. Por isto, é tão importante medir a pressão regularmente. Como a hipertensão é uma doença assintomática, ela deve ser aferida regularmente, mesmo nas pessoas aparentemente livres da doença. “O intervalo entre uma medição e outra deve ser de no máximo um ano. Isso nos permite garantir um diagnóstico nas fases iniciais de uma eventual doença”, recomenda a médica.
Não se sabe ao certo a razão para o aparecimento da hipertensão arterial, mas fatores genéticos são os mais importantes, uma vez que a presença da mesma em um ou ambos os pais, já torna o filho um candidato a se tornar hipertenso também. Além disso, a hipertensão arterial tem características vasculares, neurológicas, nefrológicas, cardiológicas e endócrinas, o que a torna uma doença estudada e tratada por muitas especialidades médicas.
Do ponto de vista endocrinológico, sabemos que fatores hormonais são responsáveis pela redução da elasticidade dos vasos sangüíneos e, por conseguinte, pelo aumento da pressão arterial. A conseqüência, a longo prazo, é um trabalhoso esforço do coração para conseguir bombear o sangue nesse extenso leito vascular estreitado, exercendo uma atividade de musculação contínua, diária, exaustiva, fazendo com que a musculatura do coração sofra hipertrofia como o bíceps de um halterofilista.
O excesso de peso também é um dos fatores causais da hipertensão. Ele é responsável pelo aumento de 2 a 6 vezes do risco de hipertensão. Os hipertensos com excesso de peso devem seguir programas para redução de peso. Segundo as IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, o IMC, Índice de Massa Corporal, deve ser inferior a 25kg/m2 e a circunferência da cintura inferior a 94cm para homens e 80cm para mulheres. Uma redução de 5% a 10% do peso inicial já é capaz de baixar a pressão arterial.
A dieta do hipertenso
“Entre as influências nutricionais na hipertensão arterial o sal é sem dúvida o fator mais importante, uma vez que seu excesso na dieta influencia não somente o agravamento da doença, como concorre para uma maior incidência de hipertensos em uma população sadia. Logo, comer menos sal faz parte da prevenção da hipertensão arterial e também do seu tratamento”, explica a endocrinologista.
Comer porções normais de sal implica em dois cuidados: não o adicionar na comida pronta e cozinhar com pouco sal. “O ideal é que a pessoa ingira de 6g a 8g de sal por dia. Na verdade, se ela eliminar totalmente o sal no preparo das refeições, ainda assim estará ingerindo dois ou três gramas por dia, porque alguns alimentos já contêm um pouco sal em sua composição. Apesar de tais recomendações, a média de ingestão de sal dos brasileiros gira em torno de 15g”, diz Ellen Paiva.
Quem come fora, regularmente, tem mais dificuldade para controlar o consumo de sal, mas sempre é possível fazê-lo. Não há a necessidade de abolir o sal da dieta do hipertenso, porque ele não interfere no tratamento, se a pessoa não exagerar no consumo. “Eliminar completamente o sal da dieta dificulta muito a vida dos hipertensos, pois é muito difícil conseguir a adesão dos pacientes à dieta e ao tratamento, se eles forem muito restritivos”, diz a endocrinologista.
Dados da Sociedade Brasileira de Hipertensão revelam que a adesão ao tratamento é muito difícil. Um ano após o diagnóstico de hipertensão, mais da metade dos pacientes abandona o tratamento. Daqueles que continuam a terapia, apenas 50% toma pelo menos 80% dos medicamentos prescritos. “Se as proibições forem muitas, o paciente não as tolera. Temos que orientá-lo a comer pouco sal de uma forma que sua dieta e sua vida não fiquem sem sabor”, diz a especialista.
5 passos para reduzir o consumo de sal:
1. Use o mínimo de sal no preparo dos alimentos, substituindo-o por temperos naturais como alho, salsinha, cebola, orégano, hortelã, limão, manjericão, gengibre, coentro e cominho;
2. Evite temperos industrializados como ketchup, mostarda, molho shoyu e caldos concentrados. Atenção para o aditivo glutamato monossódico, utilizado em alguns condimentos e nas sopas de pacote;
3. Cuidado com as conservas como picles, azeitona, aspargo, patês e palmito, enlatados como extrato de tomate, milho e ervilha – alimentos conservados em sal e os salgadinhos como batata frita, amendoim salgado, cajuzinho.
4. Evite carnes salgadas como bacalhau, charque, carne-seca e defumados;
5. Nunca tenha um saleiro à mesa.
FONTE: Sociedade Brasileira de Hipertensão
Além dos cuidados em relação ao consumo de sal, o paciente hipertenso deve ser estimulado a seguir uma dieta balanceada, privilegiando frutas e verduras, carne magra, laticínios desnatados, grãos e cereais. Aumentar o consumo de potássio também auxilia o controle da pressão, isto pode ser feito através do aumento no consumo de frutas e verduras. “Uma dieta rica em vegetais e frutas contém 2 a 4g de potássio/dia e pode ser útil na redução da pressão e prevenção da hipertensão arterial. Os substitutos do sal contendo cloreto de potássio e menos cloreto de sódio (30% a 50%) são úteis para reduzir a ingestão de sódio e aumentar a de potássio”, diz a médica.
“A redução da ingestão de álcool também auxilia o controle da pressão arterial naquelas pessoas que consomem grandes quantidades de bebidas alcoólicas”, diz Ellen Paiva, que também é nutróloga. A recomendação médica é a seguinte: para os consumidores de álcool, a ingestão de bebida alcoólica deve ser limitada a 30g álcool/dia contidas em 600 ml de cerveja (5% de álcool) ou 250 ml de vinho (12% de álcool) ou 60ml de destilados (whisky, vodka, aguardente - 50% de álcool). Este limite deve ser reduzido à metade para homens de baixo peso, mulheres e indivíduos com sobrepeso e/ou triglicérides elevados.
“É importante destacar que a dieta é apenas uma das medidas para controle da pressão do hipertenso. Ela deve ser acompanhada da adoção de outros hábitos de vida saudável, tais como: prática de atividade física regular, abandono do tabagismo, ingestão moderada de bebidas alcoólicas, controle do estresse e manutenção do tratamento medicamentoso, quando houver prescrição médica para tal”, diz Ellen Paiva.
Recomendações dietéticas para hipertensos
Preferir:
-Alimentos cozidos, assados, grelhados ou refogados;
-Temperos naturais: limão, ervas, alho, cebola, salsa e cebolinha;
-Verduras, legumes, frutas, grãos e fibras;
-Peixes e aves preparadas sem pele;
-Produtos lácteos desnatados.
-Temperos naturais: limão, ervas, alho, cebola, salsa e cebolinha;
-Verduras, legumes, frutas, grãos e fibras;
-Peixes e aves preparadas sem pele;
-Produtos lácteos desnatados.
Limitar:
-Sal;
-Álcool;
-Gema de ovo: no máximo três/semana;
-Crustáceos;
-Margarinas, dando preferência às cremosas, alvarinas e ricas em fitosterol.
-Álcool;
-Gema de ovo: no máximo três/semana;
-Crustáceos;
-Margarinas, dando preferência às cremosas, alvarinas e ricas em fitosterol.
Evitar:
-Açúcares e doces;
-Frituras;
-Derivados de leite na forma integral, com gordura;
-Carnes vermelhas com gordura aparente e vísceras;
-Alimentos processados e industrializados: embutidos, conservas, enlatados, defumados e salgados de pacote.
-Frituras;
-Derivados de leite na forma integral, com gordura;
-Carnes vermelhas com gordura aparente e vísceras;
-Alimentos processados e industrializados: embutidos, conservas, enlatados, defumados e salgados de pacote.
Fonte: https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=3404366142784918152#editor/target=post;postID=5052292783895849264
segunda-feira, 21 de abril de 2014
22 DE ABRIL - DIA DA TERRA
Dia da Terra - ou, oficialmente, Dia Internacional da Mãe Terra - é uma data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2009 para marcar a responsabilidade coletiva para promover a harmonia com a natureza e a Terra e alcançar um balanço entre economia, sociedade e ambiente.
"O Dia Internacional da Mãe Terra é uma chance de reafirmar nossa responsabilidade coletiva para promover a harmonia com a natureza em um tempo em que nosso planeta está sob ameaça da mudança climática, exploração insustentável dos recursos naturais e outros problemas causados pelo homem. Quando nós ameaçamos nosso planeta, minamos nossa própria casa - e nossa sobrevivência no futuro", diz mensagem do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Contudo, a história dessa comemoração é bem mais antiga. O primeiro Dia Nacional da Terra ocorreu em meio ao movimento hippie americano, em 1970. Se por um lado a música e os jovens eram engajados, de outro os americanos viviam com seus carros com motor V8 e a indústria despejando produtos poluidores com pouco medo de represálias legais.
A ideia de uma data para marcar a luta pelo ambiente veio do senador Gaylord Nelson, após este ver a destruição causada por um grande vazamento de óleo na Califórnia, em 1969. Ele recebeu o apoio do congressista republicano conservador Pete McCloskey e recrutou o estudante de Harvard Denis Hayes como coordenador da campanha.
No dia 22 de abril, 20 milhões de pessoas nos Estados Unidos saíram às ruas para protestar em favor de um planeta mais saudável e sustentável. Milhares de escolas e universidades organizaram manifestações contra a deterioração do ambiente e engrossaram os grupos ambientalistas. Foi um raro momento que juntou até mesmo democratas e republicanos.
O resultado prático foi a criação da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e dos atos do Ar Limpo, Água Limpa e das Espécies Ameaçadas. "Foi uma aposta", lembra o senador, "mas funcionou."
Com informações da Earth Day Network.
FONTE:
http://noticias.terra.com.br/ciencia/sustentabilidade/dia-da-terra-2013-entenda-como-surgiu-a-data-e-seu-significado,6274627e5bf2e310VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.htmlFONTE:
sexta-feira, 18 de abril de 2014
Dia Internacional da Hemofilia é lembrado nesta 5ª feira
A doença não tem cura e atinge mais de 11 mil brasileiros. Cerca de dez mil do tipo A e quase dois mil do tipo B
Nesta quinta-feira (17), comemora-se o Dia Internacional da Hemofilia, data que marca a busca, em todo o mundo, pela melhoria da qualidade de vida dos portadores desta grave doença hereditária e genética que dificulta a coagulação do sangue, levando a sangramentos e hemorragias constantes. Neste ano, a data tem um significado especial: o primeiro ano da oferta de um tratamento inédito e considerado o que há de mais moderno para o tipo A desta enfermidade. Trata-se do fator VIII recombinante, medicamento obtido por meio de engenharia genética e distribuído pela Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) gratuitamente aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
A hemofilia não tem cura e é causada pela falta de proteínas específicas no sangue, que são responsáveis pelo processo de coagulação – o fator VIII, no caso do tipo A. Os sintomas são sangramentos internos, externos e de mucosas, após impactos de qualquer gravidade, inclusive os mais leves, e até mesmo sem razão aparente. Os cortes na pele também levam um tempo maior para estancar. O tratamento é para toda a vida e se dá com a reposição deste fator deficitário.
Tratamentro
Antes da chegada do fator VIII recombinante, o tratamento era basicamente feito com a infusão do fator VIII plasmático. Ambos têm a mesma eficácia, com uma diferença: o plasmático sofre uma limitação natural de produção, pois é oriundo do fracionamento de uma proteína encontrada em baixíssima quantidade no sangue, o que impossibilita sua fabricação em larga escala. Isto levava até mesmo à falta do produto no mercado internacional, e consequentemente à insegurança para os pacientes brasileiros, uma vez que este medicamento é 100% importado.
Por dispensar o uso do plasma sanguíneo como matéria-prima, o fator VIII recombinante não possui limites de fabricação. “A profilaxia aplicada regularmente, principalmente durante o período de crescimento, evita sangramentos, previne deformidades, diminui o sofrimento e melhora a qualidade de vida. Esta é uma grande conquista”, explica o presidente da Hemobrás, Romulo Maciel Filho, salientando que com este medicamento, será possível atingir 90% dos portadores de hemofilia A. “A exceção serão os que por algum motivo forem intolerantes ao produto. Estes continuarão utilizando o fator VIII plasmático”, afirma.
A Hemobrás passou a distribuir o medicamento graças a uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) firmada com o Ministério da Saúde, que possibilitou a assinatura de um contrato de transferência de tecnologia com o laboratório Baxter Internacional, em outubro de 2012. Por meio desse acordo, que tem duração de dez anos, o processo de aquisição da expertise para se produzir o fator VIII recombinante na fábrica da estatal andará em paralelo com o fornecimento do produto para os usuários do SUS.
Igor Saraiva, de 5 anos, é um dos pacientes do Hemope que recebe o tratamento com o medicamento. Ele foi diagnosticado com a doença aos 10 meses, quando começaram a surgir hematomas no tórax e abdome. “Ficamos assustados e procuramos um médico, que, após uma série de exames, conseguiu fazer o diagnóstico correto. O tratamento iniciou logo em seguida, com o medicamento distribuído pelo Ministério da Saúde”, explicou o biólogo Jamerson Nascimento, pai da criança. Hoje, Jamerson faz a aplicação do fator VIII recombinante no filho três vezes por semana. “O tratamento profilático proporciona uma vida normal ao Igor. Ele vai ao Hemope apenas para acompanhamento. Ele tem um irmão gêmeo, que não tem a doença por não ser idêntico, e eles fazem tudo juntos. Estamos muito satisfeitos e felizes de vê-lo bem e saudável”, comemorou.
A doença
O Brasil possui a terceira maior população mundial de pacientes, com 11 mil brasileiros portadores hemofilia, sendo cerca de dez mil do tipo A e dois mil do tipo B. Nos hemofílicos do tipo A, há a deficiência pelo fator VIII, enquanto no tipo B, a falta é do fator IX. De acordo com o Ministério da Saúde, aproximadamente 70 novos casos de hemofilia grave por ano são registrados no Brasil.
A data
O dia 17 de abril foi escolhido para comemorar o Dia Internacional da Hemofilia por celebrar o nascimento do fundador da Federação Mundial de Hemofilia, Frank Schnabel. Nascido em 1926, portador de hemofilia A grave, lutou incansavelmente em prol da melhoria da qualidade de vida dos hemofílicos. Seu legado de dedicação, além do incentivo e estímulo ao desenvolvimento científico, transcendeu as fronteiras do Canadá e atingiu o mundo. Até hoje, a legitimidade desta data está em reforçar a importância de trazer a público as questões relacionadas à hemofilia.
Fonte:
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Campanha de vacinação contra a gripe começa dia 22
Neste ano, a faixa etária das crianças foi ampliada, com a inclusão dos menores de cinco anos. O público prioritário para a imunização é de 49,6 milhões de pessoas em todo o país.
A campanha nacional de vacinação contra gripe deste ano será realizada de 22 de abril a 9 de maio, sendo 26 o dia de mobilização nacional. A novidade deste ano é a ampliação da faixa etária para crianças de seis meses a menores de cinco anos. No ano passado, o público infantil foi de seis meses a menores de dois anos. A estratégia de mobilização para todo o país, executada em parceria com estados e municípios, foi anunciada nesta quarta-feira (02) pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro.
O público-alvo da campanha é de 49,6 milhões de pessoas e a meta do Ministério da Saúde é vacinar 80% desta população, considerada de risco para complicações por gripe. Além das crianças de seis meses a menores de cinco anos, integram este grupo pessoas com 60 anos ou mais, trabalhadores de saúde, povos indígenas, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), população privada de liberdade e os funcionários do sistema prisional. As pessoas portadoras de doenças crônicas não-transmissíveis ou com outras condições clínicas especiais também devem se vacinar. Para esse grupo não há meta específica de vacinação.
Durante a apresentação da campanha, o ministro Arthur Chioro destacou a importância da ampliação da vacina ao público infantil. “A extensão da faixa etária para os menores de cinco anos tem como finalidade reduzir casos graves e óbitos”, ressaltou. Segundo o ministro, a vacinação desta faixa etária beneficia tanto a criança que recebe a vacina, como também os grupos mais vulneráveis que convivem com ela. Assim, são imunizadas, indiretamente, lactentes menores de seis meses de idade (crianças amamentadas); idosos e pessoas com doenças crônicas. Outro fator que contribuiu para a inclusão desta faixa-etária foi o fato de que as taxas de internação em crianças menores de cinco anos, em 2013, terem se igualado a dos idosos.
O ministro lembrou ainda que, apesar das diferenças climáticas no país, as recomendações para prevenção da gripe são mesmas para todas as regiões. “É importante manter os hábitos saudáveis de higiene, como lavar as mãos sempre e manter os ambientes arejados”, aconselhou. Ele explicou ainda que o Ministério da Saúde, em conjunto com as secretarias estaduais e municipais de saúde, está preparando a rede e as equipes de saúde para o atendimento dos pacientes com gripe. Esta preparação também inclui a realização de diagnósticos e abastecimento dos estados e municípios com antivirais. “Todo o recurso que investimos em prevenção, retorna à sociedade, seja na melhoria da qualidade de vida da população ou pela diminuição dos casos graves e óbitos”, afirmou Chioro.
O secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, destacou a importância do lançamento da campanha neste período que antecede o inverno, estação mais propícia para a gripe. “A criação de anticorpos ocorre entre duas e três semanas após a aplicação da dose. Por isso é importante que as pessoas procurarem a vacinação no período da campanha. Assim, quando chegar o inverno, estarão protegidas”, afirmou Barbosa. O período de maior circulação da gripe é de final de maio a agosto. O secretário ressaltou que a vacina contra a influenza é diferente das demais porque tem efeito limitado, ou seja, é elaborada apenas no período da sazonalidade.
SEGURANÇA - A escolha dos grupos prioritários segue recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta definição também é respaldada por estudos epidemiológicos e pela observação do comportamento das infecções respiratórias, que têm como principal agente os vírus da gripe. São priorizados os grupos mais suscetíveis ao agravamento de doenças respiratórias. A vacina contra gripe é segura e reduz as complicações que podem produzir casos graves da doença, internações ou, até mesmo, óbitos. Estudos demonstram que a vacinação pode reduzir entre 32% a 45% o número de hospitalizações por pneumonias e de 39% a 75% a mortalidade por complicações da influenza.
DOSES - Serão distribuídas 53,5 milhões de doses da vacina, que protege contra os três subtipos do vírus da gripe determinados pela OMS para este ano (A/H1N1; A/H3N2 e influenza B). Em todo o país, serão 65 mil postos de vacinação, com envolvimento de 240 mil pessoas. Também estarão disponíveis para a mobilização 27 mil veículos terrestres, marítimos e fluviais.
As pessoas com doenças crônicas devem apresentar prescrição médica no ato da vacinação. Pacientes cadastrados em programas de controle das doenças crônicas do Sistema Único de Saúde (SUS) deverão se dirigir aos postos em que estão registrados para receberem a vacina, sem a necessidade de prescrição médica.
CAMPANHA- Com tema “Vacinação contra a gripe: você não pode faltar”, a campanha do Ministério da Saúde para este ano orienta cada público prioritário a procurar os postos vacinação no período da mobilização. A campanha será veiculada na TV, rádio, mídia exterior, mídia impressa e internet. O custo total da campanha é de R$ 14 milhões.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO – A transmissão dos vírus influenza acontece por meio do contato com secreções das vias respiratórias, eliminadas pela pessoa contaminada ao falar, tossir ou espirrar. Também ocorre por meio das mãos e objetos contaminados, quando entram em contato com mucosas (boca, olhos, nariz). À população em geral, o Ministério da Saúde orienta a adoção de cuidados simples como medida de prevenção para evitar a doença, como: lavar as mãos várias vezes ao dia; cobrir o nariz e a boca ao tossir e espirrar; evitar tocar o rosto e não compartilhar objetos de uso pessoal.
Em caso de síndrome gripal, deve-se procurar um serviço de saúde o mais rápido possível. A vacina contra a gripe não é capaz de eliminar a doença ou impedir a circulação do vírus, por isso, as medidas de prevenção são muito importantes, particularmente durante o período de maior circulação viral, entre os meses de junho e agosto.
Também é importante lembrar que, mesmo pessoas vacinadas, ao apresentarem os sintomas da gripe - especialmente se são integrantes de grupos mais vulneráveis às complicações - devem procurar, imediatamente, o médico. Os sintomas da gripe são: febre, tosse ou dor na garganta, além de outros, como dor de cabeça, dor muscular e nas articulações. Já o agravamento pode ser identificado por falta de ar, febre por mais de três dias, piora de sintomas gastrointestinais, dor muscular intensa e prostração.
REAÇÕES ADVERSAS – Após a aplicação da vacina, podem ocorrer, de forma rara, dor no local da injeção, eritema e induração. São manifestações consideradas benignas, cujos efeitos passam, na maioria das vezes, em 48 horas. A vacina é contraindicada para pessoas com história de reação anafilática prévia em doses anteriores ou para pessoas que tenham alergia grave relacionada a ovo de galinha e seus derivados.
PRODUÇÃO NACIONAL – As doses da vacina contra a gripe foram adquiridas por meio da Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) entre o Instituto Butantan e o laboratório privado Sanofi. O acordo, intermediado pelo Ministério da Saúde, permitiu que Instituto Butantan dominasse todas as etapas de produção da vacina.
Fonte: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/11694-campanha-nacional-de-vacinacao-a-contra-gripe-comeca-dia-22
Fonte: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/11694-campanha-nacional-de-vacinacao-a-contra-gripe-comeca-dia-22
Desvalorização de parto normal torna Brasil líder mundial de cesáreas
Em muitos hospitais não há equipe obstétrica completa e treinada para auxiliar o parto normal.
Na rede privada, índice de cesárea no Brasil é de 83%, a OMS recomenda um máximo de 15% dos nascimentos pelo método
Quando a fotógrafa Daniela Toviansky, de 35 anos, ficou grávida, passou a frequentar aulas de hidroginástica com outras gestantes em estágios próximos de gravidez. Ela lembra que, entre uma aula e outra, todas manifestavam um desejo em comum: ter filhos por parto normal. "Todas acabaram fazendo cesárea", conta Daniela, que se tornou a exceção. Seu bebê, Sebastião, nasceu após 40 semanas de gestação e da forma como ela queria.
O que aconteceu com as colegas da fotógrafa é uma amostra fiel da situação vivida por muitas grávidas no Brasil hoje, especialmente entre as classes mais altas, em um processo que muitos especialistas vêm chamando de "a indústria da cesárea brasileira".
Com 52% dos partos feitos por cesarianas - enquanto o índice recomendado pela OMS é de 15% -,o Brasil é o país recordista desse tipo de parto no mundo. Na rede privada, o índice sobe para 83%, chegando a mais de 90% em algumas maternidades. A intervenção deixou de ser um recurso para salvar vidas e passou, na prática, a ser regra.
Um caso extremo chamou a atenção há três semanas, quando a gaúcha Adelir Lemos de Goes, uma mãe de 29 anos de Torres (RS), foi obrigada por liminar da Justiça a ter seu bebê por cesárea. Ela foi levada à força ao hospital quando já estava em trabalho de parto, provocando debates acalorados sobre até onde a mãe o poder de decisão sobre o próprio parto.
O caso também levou centenas de pessoas a saírem às ruas, em cidades do Brasil e do exterior, para protestar. A manifestação foi batizada de "Somos Todas Adelir - Meu Corpo, Minhas Regras."
Mas por que e desde quando o Brasil começou a mergulhar nesta verdadeira epidemia de cesáreas? Falhas profundas na regulamentação do sistema de saúde do país e uma lógica perversa na gestão de profissionais e obstetras que, por questões financeiras, acabaram perdendo o hábito de fazer partos normais são algumas das causas, agravadas principalmente pela falta de informação que cerca o assunto.
Desinformação
Uma pesquisa feita pela Fiocruz ("Trajetória das mulheres na definição pelo parto cesáreo") acompanhou 437 mães que deram à luz no Rio, na saúde suplementar. No início do pré-natal, 70% delas não tinham a cesárea como preferência. Mas 90% acabaram tendo seus filhos e filhas assim — em 92% dos casos, a cirurgia foi realizada antes de a mulher entrar em trabalho de parto.
O levantamento dá a medida de que, em algum estágio dos nove meses de gestação, algo fez a mulher mudar de ideia. As pesquisas da Fiocruz mostram a "baixa informação recebida pelas mulheres em relação às vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de parto e a baixa participação do médico como fonte desta informação".
O estudo e os profissionais de saúde ouvidos pela BBC apontam que as grávidas, de todas as classes sociais, estão longe de estarem bem informadas.
Poucas mães e futuras mães sabem, por exemplo, que as cesáreas aumentam o risco de um bebê nascer prematuro (com menos de 37 semanas de gestação). Isso porque muitos partos são marcados para essa idade gestacional e, como há possibilidade de erro de até uma semana, o bebê pode ser ainda mais novo. A esmagadora maioria destas intervenções não é feita de forma emergencial, mas, sim, programada.
Além de ser a causa de mais da metade das mortes de crianças no país, a prematuridade pode trazer uma série de riscos para o bebê, especialmente doenças respiratórias e dificuldade de mamar. Eles também deixam de se beneficiar do contato com hormônios que são liberados apenas em certos estágios do trabalho de parto.
No Brasil, 15 milhões de bebês nascidos em 2010 eram prematuros, o equivalente a 11,7%, segundo uma pesquisa conjunta feita pelo governo e o Unicef. O índice, que coloca o Brasil na décima posição entre os países com maior prematuridade, é mais alto nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste - justamente as que têm mais cesarianas, o que pode indicar uma relação entre os dois fatores.
Além disso, a falta de informação no pré-natal faz com que não haja espaço para esclarecimentos de como a mulher pode lidar com a dor ou outros aspectos, como o que exatamente vai acontecer no parto e como se preparar.
"Muitas vezes , o médico não explica questões sexuais para a grávida, por exemplo", conta Etelvino Trindade, presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). "Então elas vão se informar com a vizinha, a avó, a prima... e elas sempre têm uma história sobre o parto normal, seja ela escabrosa ou apenas mentirosa. É bastante arraigada a noção de que o parto normal vai deixar a mulher 'larga' e, assim, sexualmente inadequada. A cesárea é uma alternativa à esse medo. Mas isso acontece porque há um tabu em se falar sobre esses temas e porque hoje o médico é muito técnico. É um curador, não um cuidador."
Segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, a "indústria da cesárea" começou a se formar há 40 anos. "A epidemia de cesarianas começa na década de 70, quando ela começou a ser vendida como solução (de cirurgia única) para a esterilização definitiva, a laqueadura das trompas", explica a obstetriz Ana Cristina Duarte, uma das principais vozes do movimento de humanização do parto no país
O ginecologista Etelvino Trindade, presidente da Febrasgo, acrescenta outro fator ocorrido naquela época, decorrente da criação de instâncias do INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), que passaram a determinar que um médico só receberia se participasse efetivamente do parto.
"Até então, o bebê nascia com a obstetriz e o obstetra supervisionava, entrava se houvesse alguma intercorrência, como acontece em países europeus até hoje", diz Trindade. "Mas as regras mudaram e ele passou a precisar estar sempre na sala de parto (para receber). Assim, o quadro começou a mudar."
Já na década de 80, segundo Ana Cristina, acontece a dicotomização das taxas de cesárea diferenciadas no setor público e privado. "É nessa década que as taxas do setor público aumentam um pouco, porém as do setor privado saltam para níveis alarmantes. Nas décadas seguintes, cada vez mais brasileiros têm aderido ao setor privado, fazendo as taxas globais brasileiras chegarem aos níveis atuais."
Braulio Zorzella, ginecologista defensor do parto normal e pesquisador da área, diz que "a grande vilã, o carro-chefe dos culpados, é a ANS". A Agência Nacional de Saúde é a reguladora dos planos de saúde do Brasil.
Segundo ele, quando a agência hierarquizou os procedimentos, acabou chancelando uma tabela já em vigor que remunerava de maneira discutível o parto - regras mantidas até hoje. "Todos os valores foram sendo achatados e, em um determinado momento, não valia mais a pena para um médico fazer parto normal, financeiramente falando."
Apesar de na rede pública o obstetra ganhar um pouco a mais pela cesárea e, na privada, um pouco a mais pelo parto normal, a diferença de valores é mínima. Ou seja, um profissional recebe quase a mesma coisa para fazer uma cesárea, que dura cerca de 3 horas, e um parto normal, que pode muito bem passar das 12 horas.
"Se você paga R$600 por um parto [na rede privada], o médico prefere fazer uma cesárea e ganhar quase o mesmo do que passar a noite trabalhando", diz Renato Sá, ginecologista e obstetra, Vice-Presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado do Rio de Janeiro (Sgorj).
Para Ana Cristina, o cenário faz com que a cesariana marcada com antecedência seja mais vantajosa, por conta da imprevisibilidade do parto normal. "[Com a cesárea marcada], não só o médico não perde tempo, como ele também não precisa desmarcar compromissos, consultas no consultórios, viagens, etc".
Questionada duas vezes pela BBC sobre as pequenas diferenças pagas aos médicos em partos normais e cesarianas, a ANS respondeu que "recentemente, ocorreram diversos avanços na política do setor no que diz respeito a esse tema, como, por exemplo, a criação do Comitê de Incentivo às Boas Práticas entre Operadoras e Prestadores."
Desvalorização profissional
As mudanças do sistema de saúde nos anos 70 e 80 contribuíram também com a desvalorização de outros profissionais ligados ao parto.
Para Trindade, presidente da Febrasgo, as mudanças no INPS incentivaram a presença constante dos ginecologistas durante o parto e acabaram desvalorizando profissionais como as parteiras, obstetrizes e enfermeiras especializadas.
Em muitos hospitais, hoje, não há uma equipe obstétrica completa e treinada para auxiliar o parto normal.
"A estrutura humana dos hospitais, em geral, é bem ruim", diz Braulio Zorzella. "Não há uma equipe transdisciplinar, com enfermeira obstetra, obstetriz, doula e anestesistas trabalhando juntos. Essa seria a formação ideal para ajudar a mulher durante o trabalho de parto."
Segundo ele, outro agravante é que, em hospitais ligados a convênios, não há profissionais especializados de plantão 24 horas por dia. O principal problema apontado por médicos ouvidos pela reportagem é a falta de anestesistas, que muitas vezes trabalham em esquema de sobreaviso - não ficam na instituição, são chamados somente em caso de urgência.
Muitas vezes, demandas de anestesia em partos não são consideradas fortes suficiente para chamar o médico em casa, criando um cenário com duas principais consequências.
A primeira, recorrente na rede privada: com o risco de chegar em um hospital e não encontrar um anestesista, mulheres e médicos preferem marcar a cesárea com antecedência.
"E a ANS permite que planos tenham hospitais conveniados sem essas equipes obstétricas de plantão, alimentando a indústria", diz Zorzella.
Já a segunda consequência é característica da rede pública: quando a mulher que precisa e quer anestesia não a recebe. Para Zorzella, "parte dos partos, especialmente os induzidos com ocitocina, viram uma tortura se não houver anestesia."
A dor aguda, sem nada para amenizá-la, faz com que muitas mulheres passem por experiências traumáticas no parto normal, ampliando a crença de que este é um método com dores insuportáveis e que, por isso, a cesárea seria uma melhor opção.
De acordo com o Ministério da Saúde, em uma cesariana feita pelo SUS a mulher tem direito a contar com o anestesista de plantão. "No caso do parto normal, o Ministério recomenda que, antes de ofertar uma analgesia de parto, o hospital deve ofertar os métodos não farmacológicos de alívio da dor, que oferecem menos riscos e podem resolver o problema da sensibilidade a dor sem os riscos da analgesia. Esses métodos incluem apoio contínuo, liberdade de movimentação e adoção de posições, acesso a água - como chuveiro e banheira – acesso a escada de ling, ao cavalinho e banquinho, que são instrumentos de fisioterapia para adotar outras posições para o parto normal, além do apoio pela doula, a ambiência da maternidade e a privacidade", afirmou o órgão em nota enviada à BBC.
O Ministério da Saúde também informou que não recomenda o uso de ocitocina para aceleração do parto e lembrou que o governo vem tentando combater o número crescente de cesáreas, com iniciativas como a criação da Rede Cegonha e das chamadas Casas de Parto, que têm como metas incentivar o parto normal humanizado
A falta de leito e os interesses dos hospitais privados
"Perdemos 20 mil leitos hospitalares em ginecologia e obstetrícia", afirma Trindade, da Febrasgo. "Sem a garantia de que terá uma vaga em um hospital quanto entrar em trabalho de parto, muitas mulheres e médicos preferem não correr esse risco", diz o ginecologista, em referência a um problema similar ao da falta de anestesistas.
Pedro Octávio de Britto Pereira, obstetra e professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) concorda que há cada vez menos maternidades e vagas para parto. "E uma forma de garantir uma vaga em um bom hospital é marcar e fazer cesárea."
Se, por um lado, para o plano de saúde é bom que haja centro obstétrico (para poder colocar mais maternidades conveniadas em sua listagem), para os hospitais não é interessante financeiramente. "Usar o espaço físico para colocar aparelhos sofisticados, como um tomógrafo, rende muito mais para o hospital", afirma Trindade. Pereira concorda: "O parto privado não dá lucro aos hospitais. Os hospitais preferem procedimentos mais complexos."
Segundo o médico Francisco Balestrin, presidente do conselho de administração da Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados), não houve queda significante nos leitos de hospitais privados da associação, pois em sua maioria são hospitais gerais, ou seja, de diversas especialidades.
A formação do médico e o médico como formador de opinião
A crença de que cesárea é opção válida não apenas para casos de emergência é, não raramente, reforçada em faculdades. "Como são feitos cada vez menos partos normais, há menos chances de treinar os novos médicos, que não se sentem habilitados a fazer esse tipo de parto por não dominar todas as técnicas necessárias para isso. Junta a fome com a vontade de comer", avalia o ginecologista Renato Sá.
Outro fator (que faz o médico optar pela cesárea) é a judicialização da medicina. "O médico é responsável por qualquer coisa que acontece, então, quando chega numa situação de risco, ele opta pela cesárea porque se houver uma fatalidade ou complicação será questionado por que não fez isso. Isso gera um medo nos médicos em tentar o parto normal", explica Sá.
Com todo o quadro encontrado pelos ginecologistas - com má remuneração, equipe auxiliar falha, faculdades que preparam pouco e judicialização - muitos médicos acabaram se convencendo de que uma cesariana é a melhor opção para muitas mulheres.
"E no Brasil, a palavra do médico é sempre a que vale mais. Mais do que a da grávida em si, por exemplo. E assim médicos influenciam - e muito - a opinião pública, colaborando para a epidemia de cesárea", diz Zorzella.
A opinião é reforçada pelo estudo da Fiocruz, que apontou o peso da opinião médica e a falta de interesse desse profissional pelo parto normal como motivos da desinformação das
mães e pais sobre o tema.
"É importante ressaltar que esse processo de tomada de decisão pelo tipo de parto se dá numa relação de poder que se estabelece no diálogo entre o médico e a mulher, e que muitas vezes inibe qualquer questionamento da decisão do profissional", afirmam os pesquisadores da Fiocruz. "A mudança do tipo de parto, em relação à preferência anterior, parece moldada pela conduta intervencionista do médico."
Casos como o de Adelir, em Torres, e o crescimento, ainda que tímido, de movimentos pelo parto humanizado e centrado na mãe (não no médico) fazem com que os especialistas da área debatam e busquem maneiras para trazer o índice de cesáreas para baixo.
Zorzella acredita ser necessário que a ANS estabeleça metas para que seja reduzido em 5% ao ano o número de cesáreas na rede privada.
Outros dizem que é preciso trabalhar com os estudantes de medicina para se voltar a incentivar o parto normal, analisando dados e métodos de países (em regra, ultradesenvolvidos) onde há muito menos cesáreas - na Holanda, por exemplo, o índice gira em torno de 10%.
A opinião geral passa sempre por uma profunda revisão no sistema para ajudar a mulher a se informar melhor sobre o parto e buscar a melhor decisão. "O fornecimento de informações às mulheres, antes e durante a gestação, deve ser um caminho a ser trilhado na tentativa de reverter este quadro (de cesáreas em excesso)", afirma o estudo da Fiocruz.
Fonte: www.minhasaude.com
domingo, 13 de abril de 2014
12 de ABRIL - DIA DO OBSTETRA
Quem vai prestar assistência ao parto? No Brasil, tradicionalmente é o médico obstetra. É importante saber que as enfermeiras obstetras também são capacitadas a fazer parto normal e, em alguns hospitais, já têm exercido esta função. Existe, ainda, especialmente nas regiões mais afastadas dos centros urbanos, as parteiras tradicionais. Cada profissional tem sua particularidade. A formação da enfermeira obstetra dá mais ênfase ao parto como processo fisiológico normal do que a formação médica que se baseia justamente em saber tratar e diagnosticar possíveis complicações.
Fonte: http://chicletedecarnemoida.blogspot.com.br/2012/04/12-de-abril-dia-do-obstetra.html